Fotos e texto para a publicação 4 x 14 pelo Atêlie397, coordenados por Thais Rivitti e Raphael Escobar. Estão na publicação: Agência Romântica Analítica, Adriana Rodrigues, Débora Mazloum, Graziele Lautenschlaeger, Isadora Maia, Kleber Marcelino, Lícida Vidal, Matheus Chiarati, Milton Tortella, Paola Ribeiro, Rafael Ribeiro, Sergio Augusto Medeiros e Thia Sguoti.


Photos and text for the 4 x 14 publication by Atêlie397, coordinated by Thais Rivitti and Raphael Escobar. In the publication there are also works of: Agência Romântica Analítica, Adriana Rodrigues, Débora Mazloum, Graziele Lautenschlaeger, Isadora Maia, Kleber Marcelino, Lícida Vidal, Matheus Chiarati, Milton Tortella, Paola Ribeiro, Rafael Ribeiro, Sergio Augusto Medeiros e Thia Sguoti.





Transcrição do texto presente na publicação:

é como se eu caminhasse para uma quebra, mas carregasse uma quebra interna, uma interrupção constante de um fluxo interno que constringe uma expressão externa.
a quebra só pode ser vencida com quebra, o raio bate na pedra e cria uma pedra nova. como se estruturas internas tivessem que ser movidas e deslocadas por energias de pequenas ondas que mudam o estado interno mesmo que o externo seja só aparência e impossível de ser notado para o olhar externo.
existe uma crítica às estruturas externas por não se identificar com elas, mas também a confusão ocorre porque sou um dado e causalidade, uma manifestação externa, uma espécie de acidente, seguido de outros acidentes. de 1,2,3,4,5,6,7,8,9,10,11,12 rupturas se cria uma frase e um todo.
o desafio é manter a continuidade pois sempre se retoma o momento passado ou futuro quando se adquire consciência do movimento e motricidade de si próprio.
o fracasso é tanto externo como interno, porque o uno existe e como peças que se interpenetram e se tocam, um externo atinge o cerne de outro.
então tudo se trata de um momento que é invisível.
mas acreditamos que as coisas são transparentes e visíveis, claras. na verdade tudo tem consciência e esconde mais do que podemos conhecer. nem nós podemos calcular e prever os destinos individuais e indivisíveis de células, porque não possuímos controle do jogo interno biológico que está inevitavelmente se movendo constantemente sem a nossa percepção, se as partes tivessem percepção de si próprias, existiríamos?
a quebra e o atravancamento funcionam talvez como pulsão contraria a vida, como vontade de parar uma ordem imposta e criar uma nova. destruir para descobrir o que sobra da destruição.
quando talvez na verdade não é preciso destruir nada pois um sistema todo trabalha para seu apagamento. agora, sem o movimento não existe esse vazio e vice-e-versa, sem o vazio não existe o movimento.
a análise dos elementos e das possíveis passividades não ocorre sem a atividade de um mecanismo complexo impossível de ser analisado.
a não identificação com o externo é uma atividade ocular que pode se pensar que é extra corpórea, mas participa de um corpo, e mais que um corpo, de um ânimo. que nao se entende de onde vem. às vezes a observação tanto externa quanto interna pode ser um ato punitivo, mas talvez uma vontade por espécie de pureza, de um entendimento que acaba manchado pela existência.
um ato simples é carregado de um infinito que parece finito. e conciso de um caminho só, uma flecha certa que recai num ponto, só que esse ponto não existe, porque a materialidade e a ação é passagem, é movediça.
uma folha caiu aqui seca e parecia imóvel, até cair como uma lasca de um real que parece não ter um fim. é essa a confusão com o fim, o começo que não existe. são constructos de uma falha racional introjetada e externalizada.


︎Natalie Braido